domingo, 2 de dezembro de 2012

La Storia Della Famiglia de Luiz e Bililde Antonia Carlotto Pagot

Vídeo-resgate montado em 29/11/2012, sintetizando "la storia della Famiglia de Luiz Pagot e Bililde Antonia Carlotto Pagot". Criação, produção, acervo fotográfico e formatação: Francisco Antonio Pagot (Xico Júnior).

GAIARINE, provincia de Treviso, região do Vêneto, Itália: cidade de origem da Famiglia Pagot. (Criação, produção, pesquisa e formatação: jornalista, acervista, historiador e escritor Francisco Antonio Pagot (Xico Júnior)

Aqui me dou ao prazer, ainda que com uma baita saudade e profunda emoção, de contar em breves palavras um pouco da história dos meus queridos e saudosos pais, Luiz Pagot e Bililde Antonia Carlotto Pagot, e ilustrado por dois vídeos especiais, devidamente sonorizados com canções que me levam emocionadamente à lembrança deles. Por isso criados e feitos com extremo carinho como homenagem a quem me legou o que há de mais nobre na vida: a honestidade, a justiça, a verdade, o respeito, a lealdade, a fraternidade, a solidariedade e o senso de humanidade. Parece muito, mas é apenas o essencial à dignidade de cada pessoa.

Pode parecer lugar comum, mas Luiz e Bililde Antonia, que muitos a chamavam de Maria, foram os melhores pais do mundo, mesmo que suas orientações e suas exigências de disciplina foram impostas sob um regime austero,  mas sei que sempre se mostraram severos para o nosso bem. E hoje, passadas décadas, é tão fácil entender toda a severidade exigida.

Ambos tiveram, além de total dignidade, um modelar exemplo de luta e determinação para nos proporcionar o melhor que puderam, e sem medir esforços, para que todos nós filhos tivéssemos o que melhor que lhes foi possível em termos de conforto, de uma infância-adolescência com muita liberdade e uma educação rígida, sim, porém da maior utilidade para nossas vidas. E isso não há absolutamente nada que pague. Resta, hoje com suas ausências, reconhecer e tributar nossa gratidão de filhos pelo que insistente e permanentemente se dispuseram, mesmo sabendo que no fundo lhes machucava o coração, para que tivéssemos uma vida sem grandes recursos, porém digna e humana.

Meu pai Luiz Pagot veio de Gaiarine, província de Treviso, Itália, em 1921, então com sete anos de idade, partindo do Porto de Gênova embarcado no "bastimento" (navio) Garibaldi em 23 de setembro, aportando em Santos no dia 09 de agosto do mesmo ano. Foram 18 dias de "viaggio per mare". Em São Paulo, juntamente com seus pais e seis irmãos, permaneceu por oitro anos trabalhando em cafezais, até que, cansado da exploração dos fazendeiros, meus "nonnos" Felice Antonio Pagot e Ângela Maddalena de Giusti Pagot, aceitando convite de amigos compatriotas que já estavam instalados em terras gaúchas, se decidiram vir para o Rio Grande do Sul. Isso foi no dia 03 de setembro de 1929 com meu pai já com 14 anos de idade.

Aqui, instalado em terras inicialmente do hoje município de Montenegro e mais tarde na localidade de Torino, então subdistrito de Carlos Barbosa que, por sua vez, era distrito de Garibaldi, iniciou suas atividades, ajudado pelos filhos mais velhos. o "nonno" Felice Antonio iniciou suas atividades cultivando videiras e, obviamente, em paralelo com outras culturas para a própria subsistência. E assim a família foi se estabelecendo, até que Antonio, o filho primogênito, se mudou para Bento Gonçalves e mais tarde em Cotiporã, no que foi acompanhado pelos pais, Felice Antonio e Ângela Maddalena. Lá em Cotiporã, no final dos anos 50, passei uma das minhas férias hospedado na casa dos tios Antonio e Maria.

De lá tanto o tio Antônio, que viuvara, assim como o "nonno" Felice Antonio, acabaram retornando para Bento Gonçalves. Nesse meio tempo meu pai, já em seu segundo casamento com Bililde Antonia Carlotto, posto que viuvara da primeira esposa Ezimira Mantovani, se estabeleceu inicialmente em Garibaldi e depois em São Jorge, então distrito de Nova Prata.

Vendo que no interior, após diversas investidas em diferentes atividades, não havia muito futuro, além do trabalho árduo por ter que lidar com vacas, tirar e vender o leite, preparar o campo, inclusive com queimadas, para poder plantar o mínimo indispensável à subsistência da família então já com cinco (5) filhos em idade de irem à escola, meu pai Luiz, com o consentimento da minha mãe Bililde Antonia, decidiu juntar tudo e começar uma nova vida em Canoas. Assim, aqui "ancoramos" no dia 26 de fevereiro de 1952 sob um Sol escaldante e passamos a fixar residência num prédio locado por Osório Bohn, na Rua Santos Ferreira, N° 111, onde anexo funcionava a nossa moradia e o Bar e Restaurante Ideal. Isso até 1956, quando o pai vendeu o bar e nos mudamos para a rua General Salustiano, esquina Duque de Caxias. Lá ficamos pouco mais de um mês, pois um raio, num dia de tremendo temporal, quase provocou uma fatalidade com minha mãe Bililde Antonia e o primogênito de meu pai, Osmar, quando ambos foram jogados ao chão e até debaixo da cama.

Neste mesmo ano nos mudamos para o lado oeste da cidade, na Rua Frederico Guilherme Ludwig, casa N° 97, onde permanecemos por cerca de 14 anos, com meu pai trabalhando no comércio e minha incansável mãe se dedicando, além dos cuidados com os cinco filho e afazeres do lar, a lecionar numa escola municipal da Vila (hoje bairro) Mato Grande, onde andava quilômetros a pé, ida e volta, por falta de ônibus e depois no Instituto Pestalozzi. Afora tudo isso, minha sempre dedicada, incansável e determinada mãe lecionava aulas particulares, tal era o seu amor, a sua paixão por ensinar. Tanto que ainda solteira e morando em Carlos Barbosa, ela foi professora do francês Georges Aubert, fundador e diretor-presidente da Vínícola Georges Aubert.

Lutaram muito, trabalharam com muito sacrifício, os recursos financeiros eram poucos, mas mesmo assim todos nós filhos, exceto a filha mais velha, Natalina, que casara em 1958 com Ervile Dalcin e fora morar em Carlos Barbosa, estudamos no então Externato São Luiz (assim mesmo com "Z"), da Congregação dos Irmãos Lassalistas.

Isso até 1971, quando nos mudamos para a Rua Uruguai, N° 370, na Vila São Luiz (hoje bairro), e que viria a ser nossa primeira casa própria em Canoas. Terreno adquirido com todas as dificuldades imagináveis e inimagináveis, idéia e determinação da saudosa mãe Bililde Antonia, e construída pelo meu saudoso pai com a ajuda de todos nós filhos. Repito, já sem a presença e participação da primogênita Natalina. Enquanto um preparava a massa, os outros carregavam as pedras para o alicerce da casa e meu pai, sempre ativo e determinado, ia postando pedra sobre pedra. Concluído o alicerce chegou a vez de colocar tijolo sobre tijolo, depois as aberturas, instalação da fiação elétrica e encanamentos e esgoto e por fim a pintura. Isso num tempo em que meu pai ganha pouco mais do que três (3) salários mínimos e minha mãe ganhava uns trocados a mais lecionando particular para alunos em recuperação.

Por tudo isso e muitos mais, que seria longo demais descrever, é que presto essa homenagem aos meus queridos, saudosos e virginianos pais: Luiz Pagot e Bililde Antonia Carlotto Pagot, já que em vida não me foi possível prestar-lhe a homenagem que desejava e que fizeram por merecer, justamente. Foi a forma que encontrei de mesmo ausentes, demonstrar o meu carinho, a minha saudade, o meu reconhecimento e gratidão por tudo, tudo mesmo que fizeram por nós filhos.
Meus queridos e saudosos pais: Luiz Pagot e Bililde Antonia Carlotto Pagot. Ao lado, a primeira casa  adquirida e construída com o suor do trabalho deles: hoje um legado que nos deixaram.
* Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br
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