domingo, 24 de março de 2013

MÁRIO QUINTANA: O Príncipe dos Poetas Brasileiros


  Mario Quintana

Nasceu em 30/07/1909, em Alegrete/RS /// Faleceu em 05/05/1994, em Porto Alegre
Mario de Miranda Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista. É considerado um dos maiores poetas brasileiros do século 20.

Mario de Miranda Quintana nasceu prematuramente na noite de 30 de julho de 1906, na cidade de Alegrete, situada na fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Seus pais, o farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e Virgínia de Miranda Quintana, ensinaram ao poeta aquilo que seria uma de suas maiores formas de expressão - a escrita. Coincidentemente, isso ocorreu pelas páginas do jornal Correio do Povo, onde, no futuro, trabalharia por muitos anos de sua vida.

O poeta também inicia na infância o aprendizado da língua francesa, idioma muito usado em sua casa. Em 1915 ainda estuda em Alegrete e conclui o curso primário, na escola do português Antônio Cabral Beirão. Aos 13 anos, em 1919, vai estudar em regime de internato no Colégio Militar de Porto Alegre. É quando começa a traçar suas primeiras linhas e publica seus primeiros trabalhos na revista Hyloea, da Sociedade Cívica e Literária dos Alunos do Colégio Militar.

Cinco anos depois sai da escola e vai trabalhar como caixeiro (atendente) na Livraria do Globo, contrariando seu pai, que queria o filho doutor. Mas Mario permanece por lá nos três meses seguintes. Aos 17 anos publica um soneto em jornal de Alegrete, com o pseudônimo JB. O poema era tão bom que seu Celso queria contar que era pai do poeta. Mas quem era JB? Mario, então, não perde a chance de lembrar ao pai que ele não gostava de poesia e se diverte com isso.

Em 1925 retorna a Alegrete e passa a trabalhar na farmácia de propriedade de seu pai. Nos dois anos seguintes a tristeza marca a vida do jovem Mario: a perda dos pais. Primeiro sua mãe, em 1926, e no ano seguinte, seu pai. Mas a alegria também não estava ausente e se mostra na premiação do concurso de contos do jornal Diário de Notícias de Porto Alegre com A Sétima Passagem e na publicação de um de seus poemas na revista carioca Para Todos, de Alvaro Moreyra.

Corre o ano de 1929 e Mario já está com 23 anos quando vai para a redação do jornal O Estado do Rio Grande traduzir telegramas e redigir uma seção chamada O Jornal dos Jornais. O veículo era comandado por Raul Pilla, mais tarde considerado por Quintana como seu melhor patrão.

A Revista do Globo e o Correio do Povo publicam seus versos em 1930, ano em que eclode o movimento liderado por Getúlio Vargas e O Estado do Rio Grande é fechado. Quintana parte para o Rio de Janeiro e torna-se voluntário do 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Seis meses depois retorna à capital gaúcha e reinicia seu trabalho na redação de O Estado do Rio Grande.

Em 1934 a Editora Globo lança a primeira tradução de Mario. Trata-se de uma obra de Giovanni Papini, intitulada Palavras e Sangue. A partir daí, segue-se uma série de obras francesas traduzidas para a Editora Globo. O poeta é responsável pelas primeiras traduções no Brasil de obras de autores do quilate de Voltaire, Virginia Woolf, Charles Morgan, Marcel Proust, entre outros.

Dois anos depois ele decide deixar a Editora Globo e transferir-se para a Livraria do Globo, onde vai trabalhar com Érico Veríssimo, que lembra de Quintana justamente pela fluência na língua francesa. É por esta época que seus textos publicados na revista Ibirapuitan chegam ao conhecimento de Monteiro Lobato, que pede ao poeta gaúcho uma nova obra. Quintana escreve, então, Espelho Mágico, que só é publicado em 1951, com prefácio de Lobato.

Na década de 40, Quintana é alvo de elogios dos maiores intelectuais da época e recebe uma indicação para a Academia Brasileira de Letras, que nunca se concretizou. Sobre isso ele compõe, com seu afamado bom humor, o conhecido Poeminha do Contra.

Como colaborador permanente do Correio do Povo, Mario Quintana publica semanalmente Do Caderno H, que, conforme ele mesmo, se chamava assim, porque era feito na última hora, na hora “H”. A publicação dura, com breves interrupções, até 1984. É desta época também o lançamento de A Rua dos Cataventos, que passa a ser utilizado como livro escolar.

Em agosto de 1966 o poeta é homenageado na Academia Brasileira de Letras pelos ilustres Manuel Bandeira e Augusto Meyer. Neste mesmo ano sua obra Antologia Poética recebe o Prêmio Fernando Chinaglia de melhor livro do ano. No ano seguinte, vem o título de Cidadão Honorário de Porto Alegre. Esta homenagem, concedida em 1967, e uma placa de bronze eternizada na praça principal de sua terra natal, Alegrete, no ano seguinte, sempre eram citadas por Mario como motivo de orgulho. Nove anos depois, recebe a maior condecoração que o Governo do Rio Grande do Sul concede a pessoas que se destacam: a medalha Negrinho do Pastoreio.

A década de 80 traz diversas honrarias ao poeta. Primeiro veio o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. Mais tarde, em 1981, a reverência veio pela Câmara de Indústria, Comércio, Agropecuária e Serviços de Passo Fundo, durante a Jornada de Literatura Sul-rio-grandense, de Passo Fundo.

Em 1982, outra importante homenagem distingue o poeta. É o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Oito anos depois, outras duas universidades, a Unicamp, de Campinas (SP), e a Universidade Federal do Rio de Janeiro concedem o mesmo tipo de honraria a Mario Quintana. Mas talvez a mais importante tenha vindo em 1983, quando o Hotel Majestic, onde o poeta morou de 1968 a 1980, passa a chamar-se Casa de Cultura Mario Quintana. A proposta do então deputado Ruy Carlos Ostermann obteve a aprovação unânime da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Ao comemorar os 80 anos de Mario Quintana, em 1986, a Editora Globo lança a coletânea 80 Anos de Poesia. Três anos depois, ele é eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros, pela Academia Nilopolitana de Letras, Centro de Memórias e Dados de Nilópolis e pelo jornal carioca A Voz. Em 1992, A Rua dos Cataventos tem uma edição comemorativa aos 50 anos de sua primeira publicação, patrocinada pela Ufrgs. E, mesmo com toda a proverbial timidez, as homenagens ao poeta não cessam até e depois de sua morte, aos 88 anos, em 5 de maio de 1994.

Bibliografia:
* A Rua dos Cata-ventos (1940) - Canções (1946) - Sapato Florido (1948) - O Batalhão de Letras (1948) - O Aprendiz de Feiticeiro (1950) - Espelho Mágico (1951) - Inéditos e Esparsos (1953) - Poesias (1962) - Antologia Poética (1966) - Pé de Pilão (1968) - literatura infanto-juvenil - Caderno H (1973) - Apontamentos de História Sobrenatural (1976) - Quintanares (1976) - edição especial para a MPM Propaganda. - A Vaca e o Hipogrifo (1977) - Prosa e Verso (1978) - Na Volta da Esquina (1979) - Esconderijos do Tempo (1980) - Nova Antologia Poética (1981) - Mario Quintana (1982) - Lili Inventa o Mundo (1983) - Os melhores poemas de Mario Quintana (1983) - Nariz de Vidro (1984) - O Sapato Amarelo (1984) - literatura infanto-juvenil - Primavera cruza o rio (1985)
- Oitenta anos de poesia (1986) - Baú de espantos ((1986) - Da Preguiça como Método de Trabalho (1987) - Preparativos de Viagem (1987) - Porta Giratória (1988) - A Cor do Invisível (1989) - Antologia poética de Mario Quintana (1989) - Velório sem Defunto (1990) - A Rua dos Cata-ventos (1992) - reedição para os 50 anos da 1ª publicação. - Sapato Furado (1994) 
- Mario Quintana - Poesia completa (2005) - Quintana de bolso (2006)

No exterior:

* Em espanhol: - Objetos Perdidos y Otros Poemas (1979) - Buenos Aires - Argentina. - Mario Quintana. Poemas (1984) - Lima, Peru.
Acróstico composto pelo jornalista, poeta e escritor Francisco Antonio Pagot (pseudônimo Xico Júnior), em 7 de março de 1990, em homenagem ao "Poeta da Nossa Terra" e que foi publicado no primeiro livro do autor, "Desatando o Nó da Gravata", em 21/10/1996, com o selo da Editora Gazeta de La Stampa.

* Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br

sábado, 9 de março de 2013

PATATIVA DO ASSARÉ: Poeta, cantor, repentista e escritor popular, analfabeto, conquistou o mundo


Patativa do Assaré, que morreu em 2002 aos 93 anos, é um reconhecido poeta, cantor, repentista e escritor nordestino que, analfabeto, conquistou o mundo. No vídeo o poema/canção "Vaca Estrela e Boi Fubá" (cantada por Patativa do Assaré e Raimundo Fagner), poema declamado "A Vida é Naturá" e "Triste Partida" (cantada por Luiz Gonzaga).

INTRODUÇÃO

Patativa do Assaré era o nome artístico (pseudônimo) de Antônio Gonçalves da Silva, nascido no dia 5 de março de 1909, na cidade de Assaré, no Ceará e falecido no dia 8 de julho de 2002, na sua cidade natal, foi um dos mais importantes representantes da cultura popular nordestina.

VIDA E OBRAS:

Dedicou sua vida a produção de cultura popular (voltada para o povo marginalizado e oprimido do sertão nordestino). Com uma linguagem simples, porém poética, destacou-se como compositor, improvisador e poeta. Produziu também literatura de cordel, porém nunca se considerou um cordelista.

Sua vida na infância foi marcada por momentos difíceis. Nasceu numa família de agricultores pobres e perdeu a visão de um olho. O pai morreu quando tinha oito anos de idade. A partir deste momento começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família.

Foi estudar numa escola local com doze anos de idade, porém ficou poucos meses nos bancos escolares. Nesta época, começou a escrever seus próprios versos e pequenos textos. Ganhou da mãe uma pequena viola aos dezesseis anos de idade. Muito feliz, passou a escrever e cantar repentes e se apresentar em pequenas festas da cidade.

Ganhou o apelido de Patativa, uma alusão ao pássaro de lindo canto, quando tinha vinte anos de idade. Nesta época, começou a viajar por algumas cidades nordestinas para se apresentou como violeiro. Cantou também diversas vezes na rádio Araripe.

No ano de 1956, escreveu seu primeiro livro de poesias “Inspiração Nordestina”. Com muita criatividade, retratou aspectos culturais importantes do homem simples do Nordeste. Após este livro, escreveu outros que também fizeram muito sucesso. Ganhou vários prêmios e títulos por suas obras.

Patativa do Assaré faleceu no dia 8 de julho de 2002 em sua cidade natal.

LIVROS:

· Inspiração Nordestina - 1956 · Inspiração Nordestina: Cantos do Patativa -1967 · Cante Lá que Eu Canto Cá - 1978 · Ispinho e Fulô - 1988 · Balceiro. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 1991 · Cordéis - 1993 · Aqui Tem Coisa - 1994 · Biblioteca de Cordel: Patativa do Assaré - 2000 · Balceiro 2. Patativa e Outros Poetas de Assaré - 2001 · Ao pé da mesa - 2001.

POEMAS MAIS CONHECIDOS:

A Triste Partida (cantada e gravada por Luiz Gonzaga) * Cante Lá que eu Canto Cá * A Vida é Naturá *Coisas do Rio de Janeiro · Meu Protesto · Mote/Glosas · Peixe · O Poeta da Roça · Apelo dum Agricultor · Se Existe Inferno · Vaca estrela e Boi Fubá (cantada e gravada por Raimundo Fagner em parceria com o próprio Patativa do Assaré) · Você e Lembra? · Vou Vorá.

* Contatos via e-mail: la-stampa@ig.com.br